Uma Viagem no Tempo e no Espaço
- Letícia Santini
- 22 de out. de 2016
- 4 min de leitura

Ao adentrar na tenda de mais de dois mil metros no estacionamento do Shopping Eldorado, em São Paulo, a sensação dos visitantes é de um tele transporte à enérgica década de 1960, mais especificamente a pouco ensolarada Liverpool, no Reino Unido, berço do grupo musical mais bem-sucedido e aclamado da história musical, o The Beatles. A exposição, dotada de uma iluminação especial que possibilita uma imersão na história e nos hábitos da época, permite ao espectador um olhar diferenciado sobre a banda, já que muitos dos itens raros presentes na Beatlemania Experience foram de uso pessoal dos quatro integrantes do grupo.
Em um roteiro cronológico, consequência de um trabalho de produção minucioso da empresa brasileira Let it Be, a viagem no tempo e no espaço dá-se início no pátio da majestosa igreja de St Peter, recriando o momento cujos fãs consideram o nascimento dos Beatles. Nesse lugar, é possível recriar o momento em que John Lennon, com seu topete marcante à lá Elvis, suas roupas remetendo ao rock roll e os óculos que usava apenas para agradar a tia, é apresentado ao colega Paul McCartney, de olhos estreitos, cabelo arredondado e a instigante característica que o acompanhou por toda a vida: O violão tocado de maneira canhota, com a mão esquerda. Em meio a álcool e fumaça dos cigarros recém apagados, o grupo, que ainda possuía o nome de ‘’Quarry men’’, apresentou-se em um palco improvisado, que ficava na caçamba de um caminhão.
Seguindo o caminho nas ruas ‘’estampadas’’ de Liverpool, chega-se a inconfundível The Cavern Club, local onde os Beatles se apresentaram aproximadamente 292 vezes. Em um palco relativamente pequeno, o quarteto dividia o espaço com os instrumentos musicais, sendo eles uma bateria, amplificadores, microfones, duas guitarras e um baixo. Ainda, em uma réplica fiel de um dos lugares mais simbólicos para a banda e também para os fãs, a caverna apresenta paredes em tons rosados, o ‘’background’’ do palco colorido e em formas geométricas e assentos em tons esverdeados.
A sala Beatlemania é especialmente dedicada aos fãs. Composta por peças de colecionadores, LP’s e Soulvenir’s, os visitantes têm a oportunidade de entrar em contato com objetos raros e curiosos. Como, por exemplo, quebra-cabeças, jogos de tabuleiro, réplicas idênticas dos figurinos utilizadas nos shows, álbuns originais, miniaturas de pelúcia, uma série de posters cobrindo as paredes, um moletom branco original usado por moças que faziam parte do fã clube da banda na época e uma lancheira que foi usada na capa da Revista Rolling Stones. Esse espaço é, também, dedicado à expansão da banda pelo mundo, simbolizada por uma parede repleta das mais variadas capas de CD. Na china, o quarteto - John, Paul, George e Ringo - aparece com os olhos puxados, aproximando-se de um Manga.
No decorrer da exposição, é perceptível uma mistura de épocas, em que o antigo se mistura com o contemporâneo através de interatividade e realidade virtual. É possível presenciar o primeiro show dos Beatles em estádio, que aconteceu em Nova York no ano de 1965. A experiência, como contam os visitantes, é comparada a uma viagem no tempo. É possível ouvir os gritos histéricos das garotas que usavam vestidos de clores claras, um pouco abaixo dos joelhos e presenciar as engraçadas expressões faciais da multidão quando o grupo surge no palco. Para aqueles que preferem uma outra sensação, que não envolva manusear óculos grandes e as vezes desconfortáveis, a exposição oferece, em formato de holograma, a última aparição pública feita pelos músicos, na gravação do filme Let it Be, realizado na cobertura do Apple Studios, em Londres. É possível presenciar a representação do telhado, com tijolos a vista em tons avermelhados, chaminés ao lado simulando os prédios vizinhos e, ainda, exaustores eólicos como os originais. Ainda no ambiente, encontra-se, talvez, o objeto mais valioso da exposição: A guitarra Fender, preta, utilizada por George Harrison no dia da gravação.
Há, adiante, cenários históricos como o campo de morango, protegido por um portão vermelho, similar a entrada de um castelo, que originou a música ‘’Strawberry Fields Forever’’. No estúdio E.M.I. Recording Studios (Abbey Road), composto de janelas largas e plantas nas extremidades da porta, foram gravados 14 dos 15 álbuns da banda. Na exposição, há a reconstituição da rua Abbey Road - os poucos carros vindo em direção à faixa de pedestres e as árvores acompanhando toda a sua extensão - permitindo aos fãs tirarem fotos imitando a memorável capa do disco que leva o mesmo nome do estúdio, eternizado em 1969. Além disso, ainda parte da magnífica estrutura disponibilizada, os visitantes são conduzidos ao interior de um submarino onde atravessarão inebriantes mares imaginários, em que podem interagir com 2 binóculos e escotilhas exibindo vídeos com o fundo do oceano, tais quais presentes no próprio vídeo clipe da música ‘’Yellow Submarine’’.
Já nos metros finais, uma área é dedicada às carreiras solo dos integrantes da banda. Em especial a Paul McCartney, que realizou shows em solo brasileiro há alguns anos. Oferecendo além de muita emoção, a exposição que será realizada até o dia 8 de novembro, tem como uma das principais finalidades, além do ponto de vista da cenografia, informar o visitante, deixando-o íntimo da história de um dos mais influentes grupos de todos os tempos. ‘’O importante é que durantes as horas que o cidadão atravesse o ambiente, ele possa ficar impressionado com a experiência de entrar em contato com esse universo’’, afirma o Curador da Exposição, Ricardo Alexandre. Os ingressos podem ser comprados por meio do site ingressorapido.com.br e custam em tornam de R$50,00 a inteira.
Comments